Texto & Fotos: Robert Ager
Explorando esta região pouco conhecida entre a Serra do Mar e o oceano, na divisa de São Paulo com o Paraná, descobrimos mais uma vez que o Brasil tem muito a oferecer.
Veja esta matéria na íntegra na Edição #6 da REVISTA OVERLANDER
Normalmente, saindo de São Paulo pela Régis Bittencourt, esperamos um percurso tranquilo, mas sempre enfrentamos dificuldades em elação ao trânsito no Cafezal. Desde que cheguei ao Brasil, há mais de 20 anos, há obras viárias na serra e isso inevitavelmente signifia complicações. Fins de semana e feriados infelizmente sempre foram um desastre neste trecho! Desta vez, no entanto, tudo foi diferente. Que surpresa agradável descobrir que todo o trabalho tinha fialmente sido concluído e o novo asfalto, pistas duplas e túneis garantiriam um começo livre de estresse para nossa aventura. Longa espera, mas certamente valeu a pena, pois fiou muito melhor!
Pela primeira vez chegamos à saída mais cedo do que esperávamos, descendo uma das encostas mais sossegadas da Serra do Mar, cruzando as águas escuras do Rio Iguape, antes de chegar à cidade de mesmo nome.
IGUAPE
Esta cidade colonial histórica e às vezes pitoresca tem uma impressão sonolenta e um olhar um pouco abatido, parecendo ter sido esquecida. Pensamos que com um pouco mais de cuidado a cidade poderia ser uma verdadeira joia. Porém, os prédios abandonados excedem signifiativamente o número de edifiações restauradas. No entanto, a praça principal continua sendo um lugar muito agradável para descontrair e curtir a noite com músicas típicas e uma deliciosa comida nos bares e restaurantes.
Do outro lado da cidade, pegamos a pequena estrada que segue até a estátua do Cristo, de onde poderíamos ter a melhor visão do que estava por vir no dia seguinte. Olhando através do Mar Pequeno, que separa a IIha Comprida do continente, pudemos ver a distância as tão esperadas praias desertas e dunas que exploraríamos no dia seguinte.
Porém, mais preocupante, notamos algumas nuvens desagradáveis se fechando ao redor.
CLIMA SINISTRO
Com o possível mau tempo a caminho, decidimos atravessar para a ilha e verifiar a condição da rota e as regras para dirigir até o seu ponto sul. Devido à falta de estradas aqui e ao desejo de proteger um dos últimos campos de dunas intocados que ainda restam no estado de São Paulo, há um trecho de quase 20 km em que é obrigatório dirigir pela praia, juntando as duas partes da ilha — um elo essencial para os habitantes locais e uma experiência incrível para qualquer overlander.
Quando se dirige perto do oceano, o maior risco são sempre as marés e a possibilidade de fiar encalhado. Portanto, é sempre bom verifiar antecipadamente os horários com o Corpo de Bombeiros. Felizmente, eles nos disseram que não haveria nenhum problema, pois as condições eram boas. Apenas para ter certeza de que tudo estava a nosso favor, também confirmamoscom a Secretaria de Turismo na Prefeitura. Tudo estava em ordem e nós, prontos para o dia seguinte!
NORTE DA ILHA
Antes de voltarmos para o continente, queríamos visitar a parte norte da ilha e ver se encontrávamos o lugar onde acampamos durante nossa expedição pelo Brasil em 2010. Esta região é menos desenvolvida, mais remota e popular, com pescadores à procura de um pouco de paz e tranquilidade. Muito menos casas e trilhas de areia fazem deste um ótimo lugar para explorar as dunas, descobrir baías escondidas e observar alguns animais selvagens. Se você tiver sorte, poderá avistar o raro e belo guará. Desta vez não o vimos, mas encontramos o lugar em que acampamos há oito anos!
Finalmente a chuva chegou e nos obrigou a voltar para o continente e para a pousada onde passaríamos a noite.
LÁ VEM O SOL
Após o café da manhã na Pousada Recanto das Aves, ficamos surpresos com a mudança de tempo e fomos até o deck na beira do rio para apreciar o visual. O sol havia retornado e prometia ser um dia maravilhoso para explorarmos a ilha.
Ilha Comprida tem crescido ao longo dos anos e os primeiros quilômetros na área do Boqueirão, rumo ao sul, podem ser um pouco monótonos, com uma grande avenida alinhada à tradicional oferta de lojas, restaurantes e pousadas. No entanto, 15 minutos depois, todas as estradas se tornam de terra, serpenteando entre as pequenas comunidades e o oceano.
Quando chega a Pedrinhas, a estrada termina e você é direcionado à praia para percorrer o último trecho de quase 20 km até o extremo sul da ilha. Durante a próxima hora, curtimos muito e parecia que estávamos dirigindo no céu.
Deslumbrante areia branca, lindo oceano azul à nossa esquerda e os campos de dunas à nossa direita. O sol brilhando, janelas abertas e o vento renovador batendo na nossa cara — o que mais poderíamos querer?
Em termos de percurso, na maré baixa tudo é muito seguro e fácil – há apenas alguns pequenos riachos que você precisa atravessar com cautela. É um verdadeiro prazer e privilégio poder dirigir em qualquer praia, e é sempre bom lembrar que é nosso dever respeitar a natureza e dirigir com responsabilidade.
Infelizmente, logo tivemos que deixar a praia e seguir nosso caminho para o pequeno porto, onde pegamos a balsa para o continente, chegando à cidade de Cananeia.
SUBIR E DESCER A SERRA
A partir daqui, voltamos pela serra até a Régis novamente, entrando no Paraná e descendo a bela Serra da Graciosa.
Seguindo o tradicional Roteiro dos Tropeiros, essa maravilhosa estrada de paralelepípedos é uma alegria para percorrer, ziguezagueando o caminho através da floesta tropical até chegar a Morretes.
No caminho há muitos lugares para descansar, beber alguma coisa e experimentar as famosas, e deliciosas, coxinhas de mandioca. Encontramos também nosso amigo Renato, que viajaria conosco durante os próximos dias, compartilhando seu conhecimento da área local.
No início da noite, sentamos em um bar de Morretes, com vista para o belo rio abaixo, e desfrutamos uns petiscos e bebidas trocando histórias e planejando os próximos dias. Um fial perfeito para um ótimo dia.
Veja esta matéria na íntegra na Edição #6 da REVISTA OVERLANDER
Em 2019 fizemos exatamente este percurso, inclusive pela praia! A diferença é que nosso Mitsubishi é 1993, Risos…Mas foi muito bom! De fato este nosso País tem sempre algo surpreendente!
Fantástico! O importante não é o veículo e sim a atitude . . . bora rodar pelas maravilhosas estradas, e curtir os destinos, do Brasil. Abraços, Equipe Overlander