Veja esta matéria na íntegra na Edição #4 da REVISTA OVERLANDER
Um carro icônico, divertido e amigo – traz alegria por onde anda, tanto para o seu dono quanto ao visitante. Na estrada por décadas, continua percorrendo lugares incríveis e criando experiências inesquecíveis para muitos aventureiros.
Veja a segunda história de pessoas apaixonadas pelas suas Kombis . . .
Uma Volta de Kombi – A Nossa Tribo
Rodrigo Matias e Daniela Pregardier
Quando viajar já era uma decisão, começamos a imaginar como seria a trip. Naquela época, não tínhamos nem ideia de que escolher a Kombi como meio de transporte nos faria entrar para uma Família. A Família dos Viajantes de Kombi.
De tudo que nos passa, 50% ou mais é por causa da nossa Kombinet, o que sobra somos nós. Se alguém para e começa a conversar, normalmente é por causa dela, daí, se nos convidam a sua casa ou algo assim, aí sim entra nossa simpatia. Não foi nem uma, nem duas vezes que por causa dela fiemos grandes amigos.
Dia 23 de dezembro de 2015 estávamos chegando a Salinas, no Equador. Íamos encontrar um casal de amigos argentinos que também são overlanders de Kombi. Esse encontro acabou sendo um dos Natais mais especiais de nossas vidas. Éramos 11 carros viajantes, de vários países, e nove deles Kombis.
Todos estacionados em uma rua atrás da igreja, onde tínhamos à disposição o banheiro, a ducha e a energia elétrica. Ou seja, tudo para estarmos bem. Nessa rua não passava ninguém, a não ser todos os viajantes como nós. A ceia foi incrível, cada um fez o que sabia de melhor, de comidas a apresentações musicais e circenses. Não importava o que faziam, a ideia era participar. Havia tanta comida, que dividíamos com pessoas que passavam e se juntavam à festa. Foi uma típica noite de Natal em família, mas dessa família de viajantes e artistas.
Tudo isso, por sermos dessa tribo. Hoje sei que escolher o meio que usamos para nos locomover foi tão importante que passou a ser também nosso estilo de viagem. Lógico que existem os prós e contras. Por exemplo, nós viajamos a uma média de 60 km/h, nas melhores condições. Subindo uma montanha a 4.000 metros de altura, essa média vai para 20 km/h.
Sabemos que existem caminhos que não devemos ousar, mas em alguns nos arriscamos e conseguimos superar. Como foi o caminho do Salar de Uyuni, na Bolívia até San Pedro do Atacama, no Chile, um dos caminhos mais difíceis que fiemos. Foram 540 km em seis dias, caminho esse que normalmente é feito pelos tours 4×4 em três dias.
Em um caminho de areia ao lado de um ribanceira fiamos atolados. Por sorte havia um trator que nos tirou de lá. Houve trechos que eu ia retirando as pedras do caminho para o Rodrigo passar com a Kombi e até uma tempestade de areia nos pegou. Mas mesmo assim, vencemos. A Kombi pode ter suas limitações, mas não sei se todos os carros dão o que a nossa Kombinet pode nos dar.
Foram muitos os caminhos que pegamos, até agora novos e desafiadoes. Muitos amigos que se tornaram vizinhos. Como viajamos com a Kombinet, não precisamos fiar dentro da casa de ninguém, não somos visitas, somos vizinhos. Por alguns dias vamos viver ao lado de sua casa, vamos compartilhar momentos e criar histórias.

Agora vivemos algo especial, a sorte de poder voltar a casa de alguns deles. Nossa rota mudou porque a Fronteira da Venezuela com a Colômbia estava fechada, então voltamos até o Peru e daqui vamos para o Brasil. E sabe a sorte que falo, é porque não importa aonde estamos chegando, pois em todos os lugares em que paramos reencontramos bons amigos, ou com certeza haverá alguém legal para conhecer.
Nossa vida é assim. Na minha opinião, quase igual a todas. Temos preocupações, dias bons e ruins, cuidamos das nossas roupas, da saúde, da alimentação e do trabalho, já que enquanto viajamos também geramos a receita que nos sustenta. Temos uma rotina como qualquer pessoa, a única diferença é que a nossa rotina é a novidade.
Veja esta matéria na íntegra na Edição #4 da REVISTA OVERLANDER