Veja esta matéria na íntegra na Edição #4 da REVISTA OVERLANDER
Um carro icônico, divertido e amigo – traz alegria por onde anda, tanto para o seu dono quanto ao visitante. Na estrada por décadas, continua percorrendo lugares incríveis e criando experiências inesquecíveis para muitos aventureiros.
Veja a última história de pessoas apaixonadas pelas suas Kombis . . .
Seu Nenê da Kombi – UM VIAGEIRO NA TORCIDA
Wania Cecilia Sacco & Carlos A. De Valentim
Ir assistir ao Mundial de Futebol na Rússia de Kombi é uma loucura! Quem não tem o autêntico espírito de aventura pode supor que sim, mas este é um plano bastante possível para quem já rodou meio mundo a bordo de uma máquina dessas.
O sonho nasceu em viagens com amigos na década de 1960. Eram viagens de férias, no Brasil, em Fuscas antigos e muitas gargalhadas. Ir de São Paulo a Natal meio sem rumo já era uma ousadia e tanto, porém o projeto cresceu e o grupo acabou indo para o Paraguai. Objetivo: assistir ao jogo que classifiou o Brasil para a Copa de 1970. Talvez esse tenha sido o momento em que ir para o México de carro tenha se desenhado de forma mais nítida.
Esse sonho só iria se realizar em 1986, quando a vida foi se ajeitando e chegou a primeira Kombi-Lar, o motorhome onde um amigo e eu fomos sócios nessa viagem e moramos nesse carro por nove meses, ou 50.000 km, ou 17 países das Américas (do Sul, Central e do Norte). A Kombi foi equipada com beliche, fogão, geladeira e vários utensílios que deram conforto e praticidade.
Em uma viagem assim, acontecem muitas histórias incríveis. Descobrimos a cultura e os sabores de cada lugar, fiemos novos amigos – sempre fomos muito bem recebidos por onde passamos. Em tempos de Copa, há muita festa e os mexicanos foram excelentes anfitiões.
Se não tivemos problemas? Claro que sim. Desembaraçar documentos do carro e os nossos nem sempre é algo fácil, mas, quando se está na estrada, são muitos os caminhos que temos que encontrar. Vivemos um assalto no Peru. Encontramos a Kombi “lavada” com pó químico por bombeiros norte-americanos quando houve um princípio de incêndio onde ela estava estacionada. Tudo contornado. Felizmente, tudo sem consequências graves, nada que nos impedisse de dizer: valeu a pena!
A saga tinha começado e como aventura vicia, outros projetos brotaram.
Em 1994, já com patrocínios e a experiência das outras viagens, o destino foi a Copa do Mundo nos Estados Unidos. Mais quase nove meses, ou 52.420 km. Desta vez, o tempo maior fiou por conta de conhecer os estados norte-americanos. A segunda Kombi, mais equipada que a primeira, mais uma vez foi uma grande aliada. Outro amigo pegou carona na ida aos Estados Unidos. Vimos a Kombi atolada na região amazônica a caminho da Venezuela e superamos! Encontramos um grande grupo de amigos durante os jogos da Copa. Alguns são amigos de sempre e outros são o que chamamos de “amigos de Copa”: nem é preciso agendar, sabemos que a cada quatro anos vamos nos encontrar na porta de um estádio, com bandeiras verde-amarelas com muita alegria na torcida.
Em 1998, outros patrocinadores colaboraram para mais uma vez embarcar a Kombi. No mesmo voo, eu como passageiro e a Kombi como carga. Na Holanda, nos reencontramos e a partir daí seguimos rumo à França para acompanhar os jogadores brasileiros no mundial. Desta vez, a festa de campeão era dos franceses, mas com a Kombi na Europa foi possível chegar até o Oriente Médio. Ao todo foram 27 países em três continentes.
Em 2013, a Volkswagen decidiu descontinuar a fabricação da Kombi. Foi uma despedida que revia a história desse carro tão importante para tanta gente. A mídia veiculou vídeos e imagens para marcar o fim de uma podução de muito sucesso. Um dos momentos mais incríveis foi a simulação da Kombi homenageando alguns ilustres apaixonados por ela!
E não é que “essa senhora” – na hora da aposentadoria – se lembrou de mim! Ganhei uma calota de Kombi autografada pelo Pelé – foi o presente original que uniu minhas duas paixões: o carro e o futebol.
Naturalmente, a Kombi não perdeu a chance de acompanhar a seleção brasileira em 2014 e acompanhou a conquista do ouro olímpico em 2016. Tem sido sempre leal ao seu propósito de levar este viageiro a conhecer os lugares mais incríveis.
Depois dessas realizações, não lhe parece possível que a mesma Kombi chegue à Rússia em 2018? Claro que sim! O carro já está sendo preparado e o projeto está quase pronto. Já foi batizado com o nome de Projeto Babuska, em homenagem às famosas bonecas russas de madeira – aquelas que formam um conjunto e uma é guardada dentro da outra. Cheias de simbologia, representam aqui a busca da essência.
Já estamos arrumando as malas para a Rússia. Após a Copa do Mundo, com a Kombi, pretendemos seguir rumo ao quinto continente, a ainda não visitada Oceania – chegando à Austrália e Nova Zelândia. Temos tempo, curiosidade e uma Kombi. Quem sabe, no retorno ao Brasil, na bagagem, venha também o orgulho de ser hexacampeão e um registro no livro dos recordes?
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