Veja esta matéria na íntegra na Edição #5 da REVISTA OVERLANDER
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Texto & Fotos: Robert Ager
Ao final do nosso primeiro dia, sentados no Morro do Carvão, observando o sol se pôr na Serra da Canastra, percebemos o quão pouco ainda conhecíamos esse lugar maravilhoso. A Canastra tem muito a oferecer!
VARGEM BONITA
O longo dia pelo asfalto, desde Atibaia, foi logo esquecido após a calorosa recepção do Vicente e o clima caseiro da Pousada Rural – Fazendinha da Canastra. Situada na região de Vargem Bonita, no coração do Vale da Canastra, seria nossa base para os próximos dias.
Apesar do frio, estávamos muito empolgados e no início da manhã seguinte, reunidos em volta do tradicional forno a lenha degustando um delicioso café da manhã mineiro, planejamos a primeira etapa de nossa aventura. Não demorou muito para descobrir que havia pouco da região que o Vicente não conhecia. Os mapas detalhados que ele desenha “de cabeça para baixo” são lendários. Esqueça coordenadas do GPS e smartphones, esta é a “verdadeira à moda antiga”.
TRAVESSIA DA BABILÔNIA
Nosso primeiro dia seria uma trilha de 100 km por estradas de terra até a Serra da Babilônia, através dos Campos de Cima chegando à Cachoeira do Quilombo, do outro lado, antes de voltar passando pela desafiante Sera Branca.
Cheios de expectativa e mapa em mãos, deixamos a Fazendinha para trás. Logo, alguns metros à frente, saímos da estrada principal rumo à Serra. Céu completamente azul, o dia prometia ser perfeito, mas a falta de chuva por semanas também garantiu muita poeira!
Esta região é ideal para rodar de carro. Trilhas remotas praticamente sem ninguém, alguns rios para atravessar e, claro, vistas deslumbrantes da Babilônia à frente e a Canastra atrás.
Embora seja oficialmente pate do Parque Nacional, esta região ainda não foi totalmente incorporada e ainda existem pequenas fazendas e algumas vacas pelas estradas. Isso, na verdade, dá um charme especial à região e a diferencia das paisagens mais selvagens da própria Canastra. Quando você alcança os Campos de Cima, com seus horizontes intermináveis que se estendem em todas as direções, não consegue deixar de imaginar que está no “topo do mundo”.
Pouco mais de uma hora depois, começamos a lenta descida. Grandes campos de milho de cada lado do carro sinalizavam que estávamos no caminho certo e que precisávamos continuar seguindo o rio até a Cachoeira do Quilombo. Para chegar até ela, sabíamos que teríamos que atravessar um rio — que nos disseram ser muito simples. Na chegada, estranhamos um pouco quando vimos um pobre Lada Niva parado no meio. Mais tarde, descobrimos que tinha mais a ver com um piloto inexperiente e uma falha no carburador do que a travessia em si. Nós passamos tranquilamente!
A cachoeira era linda e enquanto caminhamos por uma série de piscinas naturais, deu vontade de nadar. Apenas vontade, pois um vento gelado que nos seguia o dia todo nos convenceu do contrário.
SERRA BRANCA
O caminho de volta seria muito mais difícil, com o desafio da Sera Branca à frente. Uma combinação de inclinações íngremes, curvas apertadas e abundância de rochas grandes tornam este um trecho complicado, mesmo sem chuva. Um 4×4 é altamente recomendado, para não dizer obrigatório. No entanto, devagar e sempre, em primeira reduzida, nosso Mitsubishi Pajero não teve problema algum e quando nos demos conta já estávamos percorrendo nosso caminho através do “topo do mundo” novamente.
Contudo, apenas para testar o carro um pouco mais, decidimos conhecer a Cachoeira do Taboão, e seguimos a trilha que tinha alguns segmentos mais difíceis e de certa forma técnicos. Embora mais do que um pouco tenso, o carro passou com louvor, mas esses momentos de adrenalina no percurso provaram ser muito mais atrativos do que a própria cachoeira e suas piscinas.
De volta à estrada principal e desfrutando a luz do fial de tarde, passamos o caminho de volta pelos campos em direção a Vargem Bonita. Nosso timing foi perfeito (ou foi sorte?), mas chegamos ao Morro do Carvão ao pôr do sol. O momento ideal para assistir às cores surpreendentes nas falésias da Canastra do outro lado. Um gostinho do que exploraríamos no dia seguinte.
CASCA D’ANTA
O cartão-postal da Canastra e visita obrigatória em qualquer passagem pela região. Não só é a primeira cachoeira no rio São Francisco, mas é também a mais alta, com uma queda de 186 metros.
O acesso à parte baixa fica aqui mesmo no vale, a poucos quilômetros da pousada. A partir dos portões do Parque Nacional, tem uma pequena caminhada até a cachoeira. Devido à recente falta de chuva, e de estarmos no meio da seca, havia menos água e conseguimos chegar até a piscina natural, na base da queda. Uma cena deslumbrante!
Talvez como nós, você está se perguntando o porquê do nome Casca D’Anta. A resposta não é tão óbvia. As quedas são batizadas em nome de uma árvore chamada casca d’anta — e a própria árvore se chama assim porque, aparentemente, a anta se arranha nela. Exatamente o que pensávamos? Só que não!
NA SOBRE DA MONTANHA
Durante o resto do dia, seguiríamos mais um dos “mapas do Vicente”, desta vez explorando a Parte Baixa da Canastra. Basicamente, isso envolve percorrer o caminho entre o rio São Francisco e os enormes penhascos da Serra em busca de excelentes vistas e cachoeiras escondidas.
Aqui é, de longe, o melhor lugar para apreciar a grandeza da falésia. Também é o mais próximo aos penhascos que você vai chegar de carro. Em alguns momentos, até parece que conseguiremos tocá-los, de tão perto que estamos. Fora das estradas principais, essas simples trilhas passam por fazendas, uma mais bonita que a outra, sempre com muitas vacas pelo caminho e, claro, muitos portões para abrir e fechar. Neste trecho é melhor ser motorista do que zequinha!
Há tantas cachoeiras para se visitar, mas para evitar passar o dia inteiro no carro, recomendamos selecionar uma ou duas — no nosso caso, escolhemos a pitoresca Cachoeira da Lavrinha. Como sempre, o tempo voou e quando nos demos conta, deixávamos o vale para trás e seguíamos pela estrada sentido São Roque de Minas, procurando nossa próxima base, a encantadora e muito charmosa Pousada Mirante da Canastra.
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